Veneza é uma cidade única, "a mais inverossímil das cidades" - segundo Thomas Mann. Construída sobre as águas, pairando acima do bem e do mal, a realidade da antiga República Sereníssima "ultrapassa a capacidade imaginativa do sonhador mais fantasioso" - escreveu Charles Dickens.
Texto de Litiere C. Oliveira
Cheguei a Veneza de comboio (vinda de Verona) e fiquei deslumbrada ao sair da estação Santa Lúcia e ver, logo ali em frente, o Grande Canal a fervilhar de gôndolas.
Apanhámos o vaporetto (autocarro de carreira para nós) e aquela grande avenida de água, com as margens ocupadas por construções antigas, igrejas e palácios, cada detalhe carregando o peso de séculos de história mais parecia um postal ainda mais marcado pelo pôr-do-sol.
Posso-vos dizer que fiquei fascinada com Veneza desde aquele primeiro minuto até à chegada ao hotel, pois a primeira viagem no vaporreto levou-nos até à Praça de São Marcos e a pé até ao hotel respirei aquele anoitecer em Veneza.
O Hotel, pequenino e acolhedor, ficava a cerca de 3 minutos a pé até à Praça de São Marcos e aconselho-vos vivamente pois a relação preço/qualidade foi muito boa. Por baixo da janela do quarto tínhamos um canal bastante movimentado (o único que atravessa Veneza desde o Grande Canal até ao Mar e por onde passam aquataxis, além de gôndolas).
Veneza não é uma cidade muito grande e nem de difícil orientação mas confesso que é preciso estar muito atento pois torna-se labiríntica para quem anda distraído (mas confesso que tem a sua piada andar perdida em Veneza).
Existem imensas indicações para os lugares centrais Rialto e San Marco que nos ajudam a orientar. Andar a pé é a melhor forma de conhecê-la, noite e dia vêem-se pessoas e não a achei nada perigosa ou insegura.
Existem imensas indicações para os lugares centrais Rialto e San Marco que nos ajudam a orientar. Andar a pé é a melhor forma de conhecê-la, noite e dia vêem-se pessoas e não a achei nada perigosa ou insegura.
Percorrer Veneza a pé faz-nos parar constantemente para observar a tranquilidade com que se cruzam as gôndolas naqueles pequenos canais, mas sugiro também um viagem pelo Grande Canal... essa fizemo-la de vaporetto (um bilhete para 60 minutos custa 6€ por viagem e dar a volta ao Grande Canal demora aproximadamente esse tempo), arranjando um lugarzinho sentado vale bem a pena e sai bem barato.
A cidade está dividida em seis partes (sestieri) e cada uma delas tem um ambiente diferente. Além dos seis sestieri que são o coração da cidades, existem também outras pequenas ilhas.
A cidade está dividida em seis partes (sestieri) e cada uma delas tem um ambiente diferente. Além dos seis sestieri que são o coração da cidades, existem também outras pequenas ilhas.
De todas as cidades que já visitei, esta foi aquela que mais me convidou a não planear... e com prazer! Não planear, isto é, apenas passear, deambular, maravilhar-me e deslizar pelos canais de vaporetto ou gôndola (decidimos não passear de gondola pois os preços praticados excedem em grande conta os nossos planos, 80€ durante o dia e 100€ à noite para passeios de pouco mais de meia hora).
Assim foi, e ao longo do caminho encontrei igrejas (atenção meninas que ombros e pernas "ao léu" não são permitidas nas igrejas de Veneza) e palazzos que fazem parte da história de Veneza há mais de mil anos. Bem, deixo-me agora de divagar e vou tentar descrever-vos os locais por onde passei.
San Marcos é o coração da cidade e é onde se vê a maior concentração de turistas, nele existem algumas das mais importantes atracções de Veneza.
A praça de San Marcos, chamada pelo imperador francês Napoleão Bonaparte de "o mais belo salão da Europa", é o lugar mais baixo de Veneza, e quando a água sobe no Mar Adriático por tempestades ou excesso de chuva é o primeiro sítio a inundar-se. Nesta praça cercada por cafés seculares encontram-se várias atracções como a Basílica de San Marcos, as Colunas de San Marcos e San Teodoro, a Torre dell'Orologio, o Palácio do Doge e a Campanile e as melhores vistas sobre o Grande Canal.
A Basílica de San Marco é considerada a obra-prima da arte bizantina fora do império do Oriente, constitui a síntese da história artística e política daquela cidade e o testemunho do apogeu de Bizâncio, tendo-se tornado num importante centro de peregrinação. Foi consagrada a São Marcos no século XI. As suas relíquias tinham sido levadas de Alexandria para a ilha de Rialto em 828. A basílica concluiu-se em 1096, mas o trabalho de decoração não terminou. Por isso, além do carácter bizantino do edifício, apresenta também influências românicas, góticas e renascentistas. A Basílica pode ser visitada gratuitamente mas não é permitida a entrada, como já tinha referido, com ombros e pernas descobertos.
A Campanile é a torre mais alta de Veneza e pode ser visitada. Apesar de ser paga a sua subida, vale bem a pena apreciar a vista que ela nos oferece.
Não visitamos o Palácio do Doge, por isso não vou descrever o que não vi. Porém, anexado ao palácio existe a antiga prisão da cidade e a ligar os dois edifícios aparece a Ponte dos Suspiros que pode ser apreciada do lado de fora (é bonita, mas devido ao restauro dos edifícios a ponte encontrava-se ladeada de cartazes publicitários). Esta ponte é conotada com um simbolismo romântico, no entanto, conta a história que esta ponte era atravessada pelos prisioneiros e que nela suspiravam por ver pela última vez o mar de Veneza.
O Relógio que se encontra na Torre dell' Orologio foi constrúido por Codussi entre 1496 e 1499 e é um dos monumentos arquitetónicos mais fotografados de Veneza. O enorme quadrante situado sobre a porta de entrada da torre é uma obra-prima mecânica do final do século XV, construído por Giampaolo e Giancarlo Ranieri, artistas nascidos em Parma. O engenhoso aparelho indica as estações do ano, as horas e as fases da lua. Quando lá estive o relógio encontrava-se em reparação por isso não o podemos apreciar a funcionar.
As colunas de San Marco e San Teodoro marcam a antiga entrada da cidade, quando o único acesso era por mar, no entanto, durante muito tempo a população evitava passar entre elas porque poderia ser sinal de azar pois outrora foram utilizadas para executar os condenados à morte.
As pontes de Veneza dizem ser mais de 400... curtas, compridas, pequenas, grandes, discretas ou famosas. Vou descrever-vos as quatro mais conhecidas que atravessam o Grande Canal, excluindo claro a Ponte dos Suspiros de que já vos falei.
A Ponte dell Accademia é uma ponte em arco e de madeira que nos leva até à outra margem do Grande Canal para visitar a Chiesa di Santa Maria della Salute, um dos mais importantes exemplo do barroco Veneziano que conserva obras de Tiziano e Tintoretto.
A Ponte de Calatrava, uma moderna ponte construída em aço, pedra e vidro, gerou controvérsia em Itália.
Ponte degli Scalzi ou Ponte dos Descalços é a primeira a ser atravessada quando se chega de comboio a Veneza, de um arco único e em pedra Ístria, substituiu a antiga de ferro construida em 1858.
Ponte de Rialto é a ponte mais velha construída sobre o Grande Canal e durante décadas a única ligação entre os seus dois lados. A ponte que hoje podemos visitar foi construída entre 1588-1591, por António da Ponte.
Esta ponte fez-me pensar na Ponte Vecchio em Florença pois sobre ela existem uma série de lojas que actualmente vendem todo o tipo de recordações de Veneza.
Visitamos também a Ilha de Murano (a cerca de 30 minutos de Veneza) cuja principal atracção são as fabricas de vidro onde se podem apreciar os sopradores a criarem peças únicas de todos os tipos e para todos os gosto.
Como vos disse não foi uma estadia planeada como é costume por isso deixo-vos uma ideia da cidade para que não se sintam tão perdidos!
Em relação à paparoca posso dizer que não é nada barata... quer dizer, as pizzas e massas são bastante acessíveis (em média 10/11€ uma pizza) mas os pratos de carne e as bebidas, upa upa... só para vos dar uma noção, uma coca-cola de 0,50lts num restaurante em frente ao mar pode custar até 7 Euros... Vejam os preços no menu antes de pedir.
Os gelados são uma delicia e baratos....
No final de cada refeição lá temos de pedir a conta e não se surpreendam com o "coperto" que é uma taxa que eles cobram pelo serviço... em alguns restaurantes têm um valor fixo por pessoa e noutros corresponde a 10% do valor total da despesa...! Meus caros nada de deixar gorjeta!!!
No último dia e para chegar ao aeroporto, compramos um bilhete da Alilaguna que custou 16€ e levou-nos até ao aeroporto em 50 minutos. Existiam outras opções que nos poderiam levar até à Praça de Roma de barco e depois de autocarro até o aeroporto, no entanto, achamos a primeira opção mais confortável.
Deixo aqui para finalizar uma sequência de fotos de Veneza...
Praça de San Marcos vista do vaporetto. |
Vista do Campanile. |
A Basílica de San Marcos vista do Campanile. |
Veneza não para. |
Movimento no Grand Canal visto da Ponte da Academia |
Praça de San Marcos |
Um canal |
Carabininieri sempre a controlar. Se fosse como em Portugal os taxistas eram multados a toda a hora... passam a vida ao telemóvel. |
Gôndola à entrada do Grand Canal e ao fundo o Sestieri Dorsoduro |
Taxistas no Grand Canal junto à ponte dos Descalços, este levou-nos a Murano. |
Artistas de rua retratam momentos de Veneza |
Veneza fervilha de Turistas |
São Marcos e o Leão na fachada da Basílica |
Movimento de gondolas num canal |
Uma das imensas pontes de Veneza |
Hard Rock Café Venezia |
Brevemente um novo post sobre Veneza elaborado pelo meu companheiro perfeito de viagem... aquele que alimenta a minha vontade de conhecer e explorar novas realidades...
Que cidade, já fui a veneza 5 vezes... não tenho palavras para descrever aquelas ruas estreitas, aqueles recantos romanticos, ruelas aquáticas e requinte que escorre pelos edifícios.
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