terça-feira, 6 de setembro de 2011

Veneza... uma cidade única!



Veneza é uma cidade única, "a mais inverossímil das cidades" - segundo Thomas Mann. Construída sobre as águas, pairando acima do bem e do mal, a realidade da antiga República Sereníssima "ultrapassa a capacidade imaginativa do sonhador mais fantasioso" - escreveu Charles Dickens. 

Texto de Litiere C. Oliveira 


Cheguei a Veneza de comboio (vinda de Verona) e fiquei deslumbrada ao sair da estação Santa Lúcia e ver, logo ali em frente, o Grande Canal a fervilhar de gôndolas. 

Apanhámos o vaporetto (autocarro de carreira para nós) e aquela grande avenida de água, com as margens ocupadas por construções antigas, igrejas e palácios, cada detalhe carregando o peso de séculos de história mais parecia um postal ainda mais marcado pelo pôr-do-sol.

Posso-vos dizer que fiquei fascinada com Veneza desde aquele primeiro minuto até à chegada ao hotel, pois a primeira viagem no vaporreto levou-nos até à Praça de São Marcos e a pé até ao hotel respirei aquele anoitecer em Veneza.

O Hotel, pequenino e acolhedor, ficava a cerca de 3 minutos a pé até à Praça de São Marcos e aconselho-vos vivamente pois a relação preço/qualidade foi muito boa. Por baixo da janela do quarto tínhamos um canal bastante movimentado (o único que atravessa Veneza desde o Grande Canal até ao Mar e por onde passam aquataxis, além de gôndolas).





Veneza não é uma cidade muito grande e nem de difícil orientação mas confesso que é preciso estar muito atento pois torna-se labiríntica para quem anda distraído (mas confesso que tem a sua piada andar perdida em Veneza). 
Existem imensas indicações para os lugares centrais Rialto e San Marco que nos ajudam a orientar. Andar a pé é a melhor forma de conhecê-la, noite e dia vêem-se pessoas e não a achei nada perigosa ou insegura.

Percorrer Veneza a pé faz-nos parar constantemente para observar a tranquilidade com que se cruzam as gôndolas naqueles pequenos canais, mas sugiro também um viagem pelo Grande Canal... essa fizemo-la de vaporetto (um bilhete para 60 minutos custa 6€ por viagem e dar a volta ao Grande Canal demora aproximadamente esse tempo), arranjando um lugarzinho sentado vale bem a pena e sai bem barato. 
A cidade está dividida em seis partes (sestieri) e cada uma delas tem um ambiente diferente. Além dos seis sestieri que são o coração da cidades, existem também outras pequenas ilhas. 

De todas as cidades que já visitei, esta foi aquela que mais me convidou a não planear... e com prazer! Não planear, isto é, apenas passear, deambular, maravilhar-me e deslizar pelos canais de vaporetto ou gôndola (decidimos não passear de gondola pois os preços praticados excedem em grande conta os nossos planos, 80€ durante o dia e 100€ à noite para passeios de pouco mais de meia hora). 


Assim foi, e ao longo do caminho encontrei igrejas (atenção meninas que ombros e pernas "ao léu" não são permitidas nas igrejas de Veneza) e palazzos que fazem parte da história de Veneza há mais de mil anos. Bem, deixo-me agora de divagar e vou tentar descrever-vos os locais por onde passei.
San Marcos é o coração da cidade e é onde se vê a maior concentração de turistas, nele existem algumas das mais importantes atracções de Veneza. 

A praça de San Marcos, chamada pelo imperador francês Napoleão Bonaparte de "o mais belo salão da Europa", é o lugar mais baixo de Veneza, e quando a água sobe no Mar Adriático por tempestades ou excesso de chuva é o primeiro sítio a inundar-se. Nesta praça cercada por cafés seculares encontram-se várias atracções como a Basílica de San Marcos,  as Colunas de San Marcos e San Teodoro, a Torre dell'Orologio, o Palácio do Doge e a Campanile e as melhores vistas sobre o Grande Canal.
A Basílica de San Marco é considerada a obra-prima da arte bizantina fora do império do Oriente, constitui a síntese da história artística e política daquela cidade e o testemunho do apogeu de Bizâncio, tendo-se tornado num importante centro de peregrinação. Foi consagrada a São Marcos no século XI. As suas relíquias tinham sido levadas de Alexandria para a ilha de Rialto em 828. A basílica concluiu-se em 1096, mas o trabalho de decoração não terminou. Por isso, além do carácter bizantino do edifício, apresenta também influências românicas, góticas e renascentistas. A Basílica pode ser visitada gratuitamente mas não é permitida a entrada, como já tinha referido, com ombros e pernas descobertos.

Campanile é a torre mais alta de Veneza e pode ser visitada. Apesar de ser paga a sua subida, vale bem a pena apreciar a vista que ela nos oferece.

Não visitamos o Palácio do Doge, por isso não vou descrever o que não vi. Porém, anexado ao palácio existe a antiga prisão da cidade e a ligar os dois edifícios aparece a Ponte dos Suspiros que pode ser apreciada do lado de fora (é bonita, mas devido ao restauro dos edifícios a ponte encontrava-se ladeada de cartazes publicitários). Esta ponte é conotada com um simbolismo romântico, no entanto, conta a história que esta ponte era atravessada pelos prisioneiros e que nela suspiravam por ver pela última vez o mar de Veneza.

O Relógio que se encontra na Torre dell' Orologio foi constrúido por Codussi entre 1496 e 1499 e é um dos monumentos arquitetónicos mais fotografados de Veneza. O enorme quadrante situado sobre a porta de entrada da torre é uma obra-prima mecânica do final do século XV, construído por Giampaolo e Giancarlo Ranieri, artistas nascidos em Parma. O engenhoso aparelho indica as estações do ano, as horas e as fases da lua. Quando lá estive o relógio encontrava-se em reparação por isso não o podemos apreciar a funcionar.

As colunas de San Marco e San Teodoro marcam a antiga entrada da cidade, quando o único acesso era por mar, no entanto, durante muito tempo a população evitava passar entre elas porque poderia ser sinal de azar pois outrora foram utilizadas para executar os condenados à morte.

As pontes de Veneza dizem ser mais de 400... curtas, compridas, pequenas, grandes, discretas ou famosas. Vou descrever-vos as quatro mais conhecidas que atravessam o Grande Canal, excluindo claro a Ponte dos Suspiros de que já vos falei.


A Ponte dell Accademia é uma ponte em arco e de madeira que nos leva até à outra margem do Grande Canal para visitar a Chiesa di Santa Maria della Salute, um dos mais importantes exemplo do barroco Veneziano que conserva obras de Tiziano e Tintoretto.



A Ponte de Calatrava, uma moderna ponte construída em aço, pedra e vidro, gerou controvérsia em Itália.


Ponte degli Scalzi ou Ponte dos Descalços é a primeira a ser atravessada quando se chega de comboio a Veneza, de um arco único e em pedra Ístria, substituiu a antiga de ferro construida em 1858.

Ponte de Rialto é a ponte mais velha construída sobre o Grande Canal e durante décadas a única ligação entre os seus dois lados. A ponte que hoje podemos visitar foi construída entre 1588-1591, por António da Ponte. 
Esta ponte fez-me pensar na Ponte Vecchio em Florença pois sobre ela existem uma série de lojas que actualmente vendem todo o tipo de recordações de Veneza.

Visitamos também a Ilha de Murano (a cerca de 30 minutos de Veneza) cuja principal atracção são as fabricas de vidro onde se podem apreciar os sopradores a criarem peças únicas de todos os tipos e para todos os gosto.


Como vos disse não foi uma estadia planeada como é costume por isso deixo-vos uma ideia da cidade para que não se sintam tão perdidos!

Em relação à paparoca posso dizer que não é nada barata... quer dizer, as pizzas e massas são bastante acessíveis (em média 10/11€ uma pizza) mas os pratos de carne e as bebidas, upa upa... só para vos dar uma noção, uma coca-cola de 0,50lts num restaurante em frente ao mar pode custar até 7 Euros... Vejam os preços no menu antes de pedir. 

Os gelados são uma delicia e baratos....

No final de cada refeição lá temos de pedir a conta e não se surpreendam com o "coperto" que é uma taxa que eles cobram pelo serviço... em alguns restaurantes têm um valor fixo por pessoa e noutros corresponde a 10% do valor total da despesa...! Meus caros nada de deixar gorjeta!!!


No último dia e para chegar ao aeroporto, compramos um bilhete da Alilaguna que custou 16€ e levou-nos até ao aeroporto em 50 minutos. Existiam outras opções que nos poderiam levar até à Praça de Roma de barco e depois de autocarro até o aeroporto, no entanto, achamos a primeira opção mais confortável.

Deixo aqui para finalizar uma sequência de fotos de Veneza...
Praça de San Marcos vista do vaporetto.
Vista do Campanile.

A Basílica de San Marcos vista do Campanile.
Veneza não para.
Movimento no Grand Canal visto da Ponte da Academia
Praça de San Marcos
Um canal
Carabininieri sempre a controlar.
Se fosse como em Portugal os taxistas eram multados a toda a hora... passam a vida  ao telemóvel.
Gôndola à entrada do Grand Canal e ao fundo o Sestieri Dorsoduro
Taxistas no Grand Canal junto à ponte dos Descalços, este levou-nos a Murano.
Artistas de rua retratam momentos de Veneza
Veneza fervilha de Turistas
São Marcos e o Leão na fachada da Basílica
Movimento de gondolas num canal

Uma das imensas pontes de Veneza
Hard Rock Café Venezia
Brevemente um novo post sobre Veneza elaborado pelo meu companheiro perfeito de viagem... aquele que alimenta a minha vontade de conhecer e explorar novas realidades... 

1 comentário:

  1. Que cidade, já fui a veneza 5 vezes... não tenho palavras para descrever aquelas ruas estreitas, aqueles recantos romanticos, ruelas aquáticas e requinte que escorre pelos edifícios.

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